António Brito Guterres
Mais rua, menos gabinete. António Brito Guterres é uma cara reconhecível nos média tradicionais pelas suas perspectivas sóbrias e conhecedoras do terreno, e esta semana passa pelo "Debaixo da Língua" de Rui Maria Pêgo. Nascido em 1978, e filho de pais que participaram ativamente nos círculos antifascistas, cresceu na zona de Arroios, em Lisboa, de onde foi lendo, como a desigualdade social, e a nossa origem determinam, infelizmente, grande parte das nossas vitórias. Assistente social com pós-graduação em Estudos Urbanos e doutorando da mesma temática, conhece os vários bairros da periferia da capital, tendo ao longo do seu percurso profissional coordenado jovens dentro do Programa Escolas. Foi Diretor do Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira (CEA-VA), concebendo com parceiros e artistas locais, uma programação cultural, artística, e educativa para o território. Acumulou às funções de Diretor do CEA-VA, as de Chefe de Projeto da Iniciativa Bairros Críticos do Vale da Amoreira. Pelo caminho, 10 anos como quadro da Fundação Aga Khan Portugal. No episódio de hoje do "Debaixo da Língua" a conversa vai desde a crise na habitação, à emergência da extrema-direita, passando pela violência, a linguagem ostracizante, a falta de oportunidades, e lança um dado duro: são precisas cinco gerações para alguém que nasce num bairro considerado "problemático" conseguir sair da pobreza.